Há pouco tempo eu vinha saindo do metrô para o trabalho, de manhã cedo. Por alguma razão havia mais gente do que o normal na estação, e a multidão se movia muito lentamente.
Subi a escada para sair da plataforma, e quando olhei para baixo, notei que estava parado em cima da logo de uma marca de detergente conhecida (Google Answers -link em inglês- diz que diariamente a pessoa está exposta a entre 257 a 20.000 mensagens de naturezas diferentes, especialmente publicitárias).
Devo dizer que me supreendi. Mas não porque a tática tenha me parecido nova (não é), e sim porque eu nunca havia percebido aquele logo naquele lugar, e isso porque passo ali todos os dias.
Pois então, a Comunicação Interna (CI) de uma organização se parece bastante à logo desse detergente: ambas querem que prestemos atenção.
Mas ninguém presta atenção quando não existe uma conexão emocional no meio.
Todos sabemos que gerar uma conexão emocional ou compromisso é, precisamente, um dos maiores desafios para as empresas na atualidade. Segundo um estudo da Gallup (link em inglês) as unidades de negócio com maiores índices de compromiso:
São 10% melhor avaliadas pelos clientes
Aumentam sua produtividade em 21%
Aumentam sua rentabilidade em 22%
Reduzem a ausência em 37%
Reduzem os defeitos de qualidade em 41%
A partir da perspectiva da CI, então, a pergunta é “como criar este vínculo emocional na organização?”
Criar esta conexão necessariamente passa por um relacionamento cotidiano, de todos os dias, entre a empresa e os colaboradores, modelado pela estratégia de CI implementada e gerenciada pela área de Recursos Humanos.
Mas a CI de 10 anos atrás e a de hoje são radicalmente diferentes. Há uma década a premissa era a de controle e verticalidade da mensagem: a empresa falava e o pessoal escutava. Hoje a chave está na abertura da informação e, sobretudo, no diálogo organizacional.
Esta via deve ter dois sentidos. Do contrário, a coisa não funciona. Como disse antes, ficaram para trás os dias da CI vertical. Hoje tudo é comunicação e esta pode ser horizontal, diagonal e inclusive bottom-up. No mundo atual, todos queremos ter uma tribuna e queremos ser escutados (obrigado, redes sociais).
É alentador ver que as empresas da região estão conscientes da importância da CI. Segundo uma pesquisa que realizamos em março, mais de 60% das empresas latino-americanas implementou iniciativas para melhorar a CI em 2014 e para 2015 mais de 60% projeta realizar ações neste sentido.
Pesquisando para este post, encontrei um exemplo que explica bastante bem a importância de se conectar emocionalmente com os colaboradores.
Trata-se do programa “Todos aprendem de todos” da LG Electronics, que visa melhorar a produtividade dos colaboradores criando uma cultura que reconhece a experiência e o saber de cada um como uma oportunidade para todos. Para isso, a empresa aproveita as redes sociais como uma ferramenta que permite um colaborador formar os outros numa temática que ele ou ela dominem.
Estes são alguns dos resultados do programa:
14 sessões realizadas em 12 meses
Participação média de 70%
90% dos colaboradores adquiriu novos conhecimentos
“Colocamos muito esforço em criar um bom ambiente de trabalho. Celebrar e reconhecer o sucesso, mesmo que seja com um evento simples, manter um tratamento próximo, transparente e horizontal, e dar voz a todos os colaboradores para que se expressem, nos permitiu ter grandes resultados e um alto compromisso da nossa equipe”, disse Carlos Olave, diretor de Recursos Humanos da LG Electronics (link em espanhol).
Aqui vemos claramente como se intervém uma variável de negócio (produtividade, através dos conhecimentos dos colaboradores), por meio da criação de uma comunidade (diálogo organizacional), baseada na capacitação entre pares (conexão emocional entre colaboradores), usando ferramentas sociais (abertura da informação/Comunicação Interna).
Se até agora você tratou sua estratégia de comunicação interna como uma marca de detergente, você tem muito trabalho pela frente: envolver a todos os colaboradores, desde o CEO aos níveis mais baixos da hierarquia, num diálogo que abarque toda a organização pode ser difícil, mas não impossível.
Mas no meio da sobrecarga de informação que caracteriza a vida atual, gerar este diálogo é a única forma que as empresas têm para conseguir que seus colaboradores prestem atenção proativamente.
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