Gestão de benefícios em tempos de crise: por que o bem-estar dos colaboradores deve estar no centro de sua estratégia

por José Guerra
15 min de leitura.


Em 2019, menos de 10% dos líderes empresariais dos países do G20 e da OCDE consideravam a propagação de doenças infecciosas um risco mundial iminente, de acordo com um levantamento realizado pelo Fórum Econômico Mundial.

No entanto, desde o surgimento do novo coronavírus nos primeiros meses de 2020, todas as organizações em âmbito global, grandes e pequenas, estão tentando encontrar alternativas para enfrentar essa crise e, ao mesmo tempo, abordar as preocupações urgentes de seus colaboradores em relação à saúde, aos novos modelos de trabalho adotados da noite para o dia, a todas as dificuldades geradas pelo isolamento social e à incerteza quanto ao futuro.

Situações como a que estamos enfrentando exigem que as organizações tenham velocidade para reagir às mudanças, adaptando-se às novas demandas de um ambiente com múltiplas variáveis que não podem ser controladas.

Um bom exemplo é o aumento exponencial do Work From Home nos últimos meses: muitas companhias tiveram que implementar rapidamente uma política de trabalho remoto, pois essa era a única opção para continuar operando. Não havia tempo para fazer um projeto piloto ou montar um grupo focal para entender as necessidades dos colaboradores: a severidade da contingência exigia uma resposta rápida e, portanto, centenas de milhares de profissionais começaram a trabalhar em casa, sem saber por quanto tempo mais deverão fazê-lo.

É inegável que o trabalho remoto tem aspectos bastante positivos que podem alavancar o comprometimento e a produtividade dos colaboradores. Entretanto, implementar um novo modelo de trabalho como esse no contexto de uma contingência, em que todos fomos pegos de surpresa, requer cuidados especiais para o bem-estar das pessoas.

As organizações devem ter em mente que os colaboradores agora precisam mais do que nunca de se sentir apoiados para poder enfrentar as novas demandas impostas por essa contingência global.

Nesse sentido, é essencial abordar seu programa de benefícios de forma bastante estratégica, pois essa nova realidade também exige uma nova oferta, mais alinhada às necessidades atuais dos colaboradores, oferecendo-lhes novas ferramentas para cuidar dos diferentes aspectos que contribuem para seu bem-estar.

Nós, da equipe especial ALL IN (saiba mais sobre essa iniciativa da GOintegro para enfrentar os efeitos do coronavírus), queremos compartilhar esse novo conteúdo para que você tenha novos insights e possa reestruturar ou ajustar seu programa de benefícios atual, de acordo com o expectativas e necessidades dos colaboradores.

Cinco dimensões para a gestão e otimização de uma estratégia de benefícios

Se, no passado, os programas de benefícios eram focados essencialmente em planos de saúde e condições especiais para a compra de medicamentos, nos últimos anos, as organizações se abriram para uma nova perspectiva que considera a saúde de seus colaboradores de uma maneira mais abrangente, incluindo outros elementos que afetam seu bem-estar..

Essa mudança não significa que os benefícios de saúde mais tradicionais perderam sua importância. De fato, as organizações continuam trabalhando para otimizá-los e oferecer as melhores opções para seus colaboradores, mas atualmente estão tentando ir além, buscando diversificar essa oferta com benefícios que melhoram a vida dos colaboradores: atividades esportivas, entretenimento, saúde mental, educação, horários flexíveis e descontos, entre outros..

Para modernizar essa estratégia de benefícios e poder gerenciar um programa eficaz, o modelo Willis Towers Watson propõe 5 dimensões, que apresentamos a seguir:

Willis Tower Watson
  • Portfólio: alinhar a oferta de benefícios aos objetivos da organização, às melhores práticas de mercado e às necessidades dos colaboradores. A maioria das empresas ainda está focada em gerenciar e manter os benefícios mais tradicionais, mas estamos vendo mais e mais organizações que desejam complementar e melhorar sua oferta, torná-la mais ampla e considerar aspectos como personalização e flexibilidade.

  • Finanças: otimizar o investimento necessário para gerenciar um programa de benefícios, alocando custos e riscos com eficiência. O controle de custos continua sendo fundamental, mas as organizações devem se concentrar não apenas nos custos operacionais, mas também na geração de valor a partir de seu investimento contínuo em benefícios para seus colaboradores.

  • Talent Experience: criar estratégias para aprofundar o conhecimento dos colaboradores sobre os benefícios oferecidos, por meio de uma comunicação clara que demonstre o valor das diferentes opções, para que eles possam escolher de acordo com suas necessidades e preferências.

  • Administração e operação: administrar com eficiência os benefícios, aproveitando os recursos tecnológicos para oferecer a melhor experiência aos colaboradores, automatizando fluxos e atividades para que o processo seja fluido e simples.

  • Analytics, insights e relatórios: utilizar informações baseadas em dados para garantir a relevância dos programas, identificar o que está indo bem e o que precisa de ajuste, gerenciar custos e ter indicações precisas para apoiar o processo de tomada de decisão.

Considerar essas 5 dimensões é essencial para ajustar um programa de benefícios que seja condizente às mudanças de curto e médio prazo que a pandemia do COVID-19 produziu. Os novos programas de benefícios devem ser ampliados e incorporar aspectos como estilo de vida, saúde emocional, relações sociais, desenvolvimento pessoal e até mesmo a saúde financeira. Somente dessa maneira eles terão um impacto positivo no bem-estar dos colaboradores, levando a um aumento no engajamento, coesão e produtividade geral da equipe.


Como começar a repensar os programas de benefícios

Diante da crise do COVID-19, é verdade que os colaboradores esperam de suas organizações o apoio necessário para que possam lidar com todas as mudanças que vimos nos últimos meses. Nesse sentido, um programa de benefícios eficaz nesses momentos deve abordar de maneira integrada as diferentes perspectivas que definem o bem-estar das pessoas, e o modelo da AON propõe 5 dimensões que facilitam a definição e organização de um mix adequado de benefícios.

AON


Bem-estar físico

A atividade física pode reduzir o risco e a gravidade de várias doenças crônicas e faz as pessoas se sentirem melhor, funcionarem melhor e dormirem melhor. A falta de atividade física é um fator de risco considerável para doenças não transmissíveis, como derrame e diabetes. Globalmente, 23% dos adultos não são suficientemente ativos.

Durante esse período de isolamento social em que é impossível frequentar a academia, correr em parques ou desfrutar de ciclovias, é importante que sua organização motive os colaboradores a realizar regularmente alguma atividade física, pois mesmo os que estão em quarentena têm opções disponíveis em casa. Se sua organização já oferecia como benefício convênios com academias ou personal trainers, verifique se esses parceiros têm vídeos ou outros tipos de recursos de treinamento on-line, para que você possa compartilhar com os colaboradores.


Bem-estar emocional

Uma ampla gama de fatores gerados pela crise do COVID-19 pode contribuir direta ou indiretamente para causar problemas emocionais. A súbita mudança de rotina, o distanciamento social, o sentimento de solidão, as preocupações financeiras, a nova dinâmica familiar são algumas das situações que estão testando a aptidão emocional dos colaboradores, e tudo indica que isso se estenderá durante as próximas semanas e mese

As organizações devem considerar em seus programas de benefícios não apenas o apoio profissional a colaboradores que já apresentam sintomas de problemas emocionais, como ansiedade, pânico, burnout e depressão, mas também oferecer ferramentas focadas na prevenção. Promover atividades de relaxamento, consultas psicológicas on-line, cursos virtuais sobre diversos temas, como música, jardinagem, gastronomia, entre outros, por meio de sua plataforma, podem ser boas estratégias nesse sentido.


Bem-estar social

Um estudo recente da Cigna constatou que redução da produtividade, aumento nos pedidos de licença médica, aumento da rotatividade e diminuição do desempenho foram alguns dos principais resultados associados à solidão no trabalho. Durante esse período de redução ou mesmo eliminação do contato pessoal com os colegas de trabalho, as organizações devem fazer um esforço excepcional para garantir que os colaboradores não se sintam isolados e que possam manter laços, reforçando o sentimento de pertencimento.

É hora de incentivar seus colaboradores a encontrar maneiras criativas de apoiar a comunidade, por exemplo, oferecendo e destacando promoções e descontos de pequenas empresas locais, dando um propósito maior ao uso dos benefícios.


Bem-estar financeiro

O bem-estar financeiro é a capacidade de gerenciar com confiança sua vida financeira atual, enquanto se prepara para o futuro e para quaisquer situações inesperadas ao longo do caminho. Não existe situação mais grave e inesperada do que a disseminação do novo coronavírus e, consequentemente, é natural que os colaboradores estejam ansiosos e preocupados com todas as incertezas em relação ao futuro e a sua situação financeira de curto e longo prazos.

As organizações devem ser criativas e pensar em redirecionar os recursos geralmente alocados para pequenos e grandes eventos com os colaboradores, como comemorar datas importantes no ano ou marcos pessoais e profissionais. Uma alternativa é oferecer benefícios de assistência financeira aos colaboradores e compartilhar informações relevantes para ajudá-los a gerenciar o orçamento familiar. Este é o momento ideal para fortalecer a oferta de convênios e descontos que facilitam o consumo pessoal e familiar dos colaboradores. Considere adicionar novos parceiros que ofereçam serviços e produtos essenciais.


Bem-estar profissional

Estar aberto a novos ambientes de trabalho, a novas formas de pensar, fazer e colaborar. Essas são algumas das novas habilidades que os profissionais estão exercitando diante da contingência. O desafio para as organizações é criar um ambiente favorável para que os colaboradores possam continuar se desenvolvendo, para manter a continuidade dos negócios.

Os benefícios flexíveis, nesse contexto, devem ser abordados de maneira diferente. É importante considerar as opções orientadas para que as pessoas possam se desconectar e ter tempo suficiente para cuidar de si mesmas e de suas famílias.

Sabemos que mudanças na rotina familiar, onde todos estão em casa enquanto se trabalha, podem ser uma fonte de estresse. Portanto, é importante comunicar muito bem para criar consciência da responsabilidade individual pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional e, ao mesmo tempo, oferecer opções flexíveis para que os colaboradores possam se "desconectar" e equilibrar mais calmamente as demandas domésticas e familiares.

Agora é a hora de apoiar os colaboradores e fornecer-lhes as ferramentas e os recursos necessários para reduzir o estresse e a ansiedade, manter a saúde em dia, organizar as finanças, gerenciar bem o tempo e a dinâmica familiar. Ofereça benefícios que estão de acordo com essa nova realidade e que permitam que as pessoas enfrentem todas essas mudanças com mais calma, para que possam continuar desfrutando de uma boa experiência e fortalecer seu compromisso com os objetivos e propósitos de sua organização.

New Call-to-action
José Guerra
Escrito por José Guerra

Chief Sales & Marketing Officer, GOintegro

Nueva llamada a la acción

INSCREVA-SE PARA RECEBER CONTEÚDO EXCLUSIVO DO NOSSO BLOG