Presente e futuro da liderança feminina

por Beatriz Rivas Leal
13 min de leitura.

Nas últimas décadas, as mulheres conseguiram expandir bastante sua participação no mercado de trabalho, atuando também em áreas anteriormente consideradas mais "masculinas", como engenharia, ciência e tecnologia. No entanto, ainda existe uma lacuna significativa em termos de posições de liderança nas empresas.

Embora, globalmente, 87% das empresas possuam pelo menos uma mulher na alta gerência, a presença é majoritariamente masculina, sendo 71% contra 29%. Esses dados, publicados em um estudo recente da Grant Thornton, revelam que ainda há um longo caminho a ser percorrido em termos de diversidade de gênero nas organizações. Isso não se dá somente na inclusão em altos níveis de liderança, mas também na construção de programas que denotam culturas cada vez mais flexíveis, de equidade salarial e que promovam a abertura ao desenvolvimento profissional desde a base.

“Óbviamente é melhor ter uma mulher na alta gerência do que não ter nenhuma, mas a diversidade de gênero é muito mais do que isso. O problema não é apenas o fato de haver mulheres presentes, mas também se elas sentem que suas opiniões estão sendo valorizadas. ” 

Jennifer Thorpe-Moscon
Diretora de pesquisa sênior, Catalyst

O mesmo estudo também indica que Recursos Humanos é a área em que a presença feminina está mais concentrada: 43% dos gerentes são mulheres. De fato, as áreas de suporte em geral, como Finanças, Marketing, Atendimento ao Cliente, são as que têm a participação mais significativa da liderança feminina.

Na GOintegro, somos quatro mulheres em altos cargos de liderança. Convido vocês a conhecer suas perspectivas acerca de seu papel e dos desafios que enfrentaram. Começamos com Catalina Mora, Country Manager da Colômbia, que conta como foi o caminho para assumir essa posição em um mercado tão relevante em nossa região: 

“Encontrar uma organização que propicia um espaço participativo e que impulsiona o aprimoramento a partir da liderança, independentemente do gênero, cultura ou crenças, tem sido muito enriquecedor. Há 11 anos lidero diferentes processos na GOintegro e a inclusão nos tem permitido construir canais de confiança, relações de longo prazo e um aprendizado contínuo, para poder oferecer a nossos clientes esse mesmo knowledge dentro de seus programas.”

Catalina Mora
Country Manager da GOintegro Colômbia.

Para Sabrina Hauk, VP de Customer Experience, promover valores como diversidade nas equipes de trabalho é uma das tarefas que estão nas mãos dos líderes.

“Na GOintegro, encontrei mentores que apoiaram meu crescimento, meu plano de carreira e confiaram no meu estilo de liderança. A mudança que buscamos implica assumir a responsabilidade de promover culturas organizacionais mais abertas e promover a nós mesmos esses valores em nossas equipes. Tenho uma equipe multidisciplinar, na qual a diversidade e as diferentes perspectivas se enriquecem, resultando em experiências e avaliações positivas de nossos clientes.”

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Sabrina Hauk
VP of Costumer Experience, Gointegro.

Embora o papel das mulheres nas organizações tenha evoluído ao longo do tempo, Natalia Metta, nossa VP de Finanças, acredita que ainda estamos longe de ter uma realidade de igualdade e integração de gênero.

“As grandes posições de liderança ocupadas pelas mulheres continuam sendo incomuns e geralmente envolvem a completa renúncia de suas vidas pessoais para ocupar esses lugares privilegiados. Na minha experiência pessoal, encontrei na GOintegro um local onde trabalhamos para atingir objetivos, com uma cultura de reconhecimento e políticas flexíveis que me permitiram alcançar um equilíbrio entre vida profissional e pessoal, sem renunciar à excelência ou desenvolvimento profissional. Organizações capazes de quebrar preconceitos e dar as condições necessárias para que os papéis de liderança sejam cada vez mais diversos serão organizações mais bem-sucedidas.”

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Natalia Metta
VP de Finanças

Diante desse cenário, é inevitável que surjam perguntas perturbadoras, como “o que fazer para que mais mulheres assumam posições de liderança nas organizações?”, “Qual o caminho para alcançar um equilíbrio de homens e mulheres nos comitês executivos?” ou “Por que ainda estamos surpresos ao ver uma mulher como CEO em uma grande multinacional?”

Outra de nossas líderes mulheres, Beatriz Rivas Leal, acredita que a verdadeira mudança para a diversidade de gênero nas organizações é alinhar discurso e prática, com um compromisso real daqueles que lideram as organizações:

É verdade que as políticas de igualdade são importantes e contribuíram para que mais mulheres alcançassem posições de maior responsabilidade. No entanto, se as políticas não saírem do papel, não teremos mudanças efetivas. Segundo um estudo da Delloite, se as coisas continuarem como estão, somente em 2052 será possível alcançar um nível de eqüidade de gênero efetiva na alta administração das organizações.

Como esperar até 2052 não parece uma boa estratégia, deixamos algumas dicas que podem contribuir nesse sentido e acelerar o aumento da liderança feminina:

  1. Mudança de perspectiva (começando pelas mulheres):

    Um estudo da Hewlett-Packard sobre práticas de contratação e recrutamento constatou que os homens se candidatam a um emprego quando sentem que possuem 60% das qualificações solicitadas, enquanto as mulheres só se candidatam se tiverem 100% delas. De acordo com as mulheres entrevistadas, isso se dá por uma crença na qual elas não são levadas em consideração se não atendem exatamente aos critérios da vaga. Essa crença continua mesmo quando elas já estão dentro da organização e se sentem menos capazes do que os homens para assumir posições de liderança. Acreditar na sua capacidade é o primeiro ponto de partida da responsabilidade individual.

  2. Reconhecimento de habilidades naturais:

    Às vezes, mulheres líderes sentem pressão para se adaptar ao modelo de liderança masculina, sacrificando suas próprias fontes de força e poder pessoal. Diferentemente dos homens, que tendem a se concentrar em maximizar seu retorno financeiro no trabalho, as mulheres tendem a abordar suas carreiras de maneira mais auto-reflexiva, valorizando fatores como significado, propósito, conexão entre funcionários e integração da vida trabalho. Contar com seu próprio modelo de liderança e permanecer fiel às suas forças inatas no seu trabalho diário é uma boa estratégia para adotar uma liderança diferente e necessária dentro da organização. As mulheres tendem a liderar com um estilo mais interativo e colaborativo, o que resulta no fortalecimento do senso de colaboração da equipe e no aumento do comprometimento.

  3. Formação de uma comunidade e liderança pelo exemplo:
    Uma vez que acreditem que são capazes e reconheçam seus talentos e sua contribuição para o sucesso da organização, as mulheres devem lembrar que não estão sozinhas. Mudar a perspectiva da organização sobre liderança feminina pode ser altamente desafiador. Portanto, é importante formar uma comunidade de mentores, modelos ou redes de suporte que as ajudem a navegar pela organização. Uma vez alcançada a posição de liderança, as mulheres são chamadas a liderar pelo exemplo. Uma boa estratégia é reconhecer mulheres pioneiras na liderança feminina e, assim, promover modelos com os quais todos possam se sentir identificados.

  4. Entornos inclusivos:
    As empresas devem prestar atenção especial à criação de um ambiente que favoreça o desenvolvimento de todos os homens e mulheres, levando também em consideração suas características e necessidades específicas. Para fazer isso, uma boa estratégia seria pensar em uma oferta de benefícios que permitam aos colaboradores buscarem o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Em relação às mulheres, mais especificamente, elas podem se interessar, por exemplo, por horários flexíveis, home office, orientações profissionais, redes de apoio entre mulheres, etc.

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Portanto, é necessário que as empresas possam adotar, em sua cultura, uma preocupação genuína com a diversidade de gênero. A área de Recursos Humanos deve trabalhar apoiando os líderes da organização para que as mulheres se destaquem e evoluam em sua carreira, abrindo caminho para que outras mulheres se sintam apoiadas e tenham ferramentas para alcançar o mesmo objetivo.

 

Beatriz Rivas Leal
Escrito por Beatriz Rivas Leal

VP of People & Culture, Country Manager México, CAM & El Caribe

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