O autor, orador e empresário americano Stephen Covey uma vez isso que “a tecnologia irá reinventar os negócios, mas as relações humanas vão continuar sendo fundamentais para o sucesso”.
Creio que ele tem toda a razão, mas acrescentaria ainda que existe uma grande diferença entre o que dizemos e a realidade.
Aqui vai um exemplo: em uma recente pesquisa global com mais de 500 mil líderes de negócios e profissionais de Recursos Humanos, 97% respondeu que escutar os colaboradores e incorporar suas idéias é um fator crítico para o sucesso da empresa e mais de 70% disse que sua prioridade para 2016 é “influenciar a cultura interna para ter líderes mais orientados às pessoas”.
Mas segundo a Society for Human Resources Management, 64% dos colaboradores diz que as decisões unilaterais dos líderes é o principal problema (38% afirma que sua proatividade diminui quando suas idéias não são levadas em conta sem avaliação prévia).
Escolhi estas estatísticas porque mostram dois insights bem importantes. Primeiro, mostram a verticalidade na estrutura organizacional e na forma que algumas empresas ainda são administradas. Segundo, revelam uma excelente oportunidade de gerar a mudança para os líderes de Recursos Humanos, já que a tecnologia para RH atual faz com que seja perfeitamente possível reduzir a distância entre os líderes e os colaboradores da organização.
Já não se trata de poder. Agora trata-se de querer, e isso foi o que eu quis dizer ao brincar com a ironia do título desse post. Social, mobile e cloud não são somente termos da moda, representam o novo padrão para que uma organização funcione, e ao mesmo tempo, oferecem uma forma factível de colocar os colaboradores primeiro, a partir da perspectiva de Recursos Humanos.
Apesar de que não entrar no carro te deixa fora da corrida (muito mais cedo do que tarde), a boa notícia é que as plataformas e soluções atuais são tão flexíveis que, desde um ponto de vista financeiro e técnico é muito simples dar um salto de várias gerações, ficando pronto para a ação.
Ao mesmo tempo, os colaboradores já estão familiarizados com essas ferramentas, e por isso o impacto em termos de capacitação e mudança é muito mais curto do que há cinco anos atrás.
Com isso em mente, compartilho um pequeno resumo dos focos que toda a diretoria de Recursos Humanos na região deve ter em mente para investir em tecnologia a serviço daquilo que é o mais importante: os colaboradores.
Automatização de processos
A gestão de Recursos Humanos requer uma enorme carga operacional (pilhas de papel, tarefas manuais, processamento de informações, requerimentos de outras áreas, etc.) que limitam a capacidade para escutar os colaboradores.
Quantas horas-homem são gastas atualizando bases de dados ou analizando CVs em vez de pensar estratégica e criativamente em como melhorar a atração e retenção, em conhecer e dialogar com o colaboradores, ou em fortalecer o employer branding? A tecnologia de recursos humanos, em diferentes funções e áreas de gestão de talento, ajudam a otimizar os processos, potencializar o acesso à informação de valor e a liberar tempo da equipe de recursos humanos.
Feedback Contínuo
A retroalimentação é um dos pilares do Employer Branding, mas é um dos aspectos que mais requer melhorias. Segundo a PwC mais de 75% dos colaboradores pensa que o feedback é importante, no entanto menos de 30% o recebe.
Tradicionalmente, o feedback aos colaboradores se reduziu à avaliação de desempenho anual. E claro que isso não é suficiente quando existe a retroalimentação em tempo real, reconhecimentos peer-to-peer, retroalimentação horizontal e ferramentas que permitem que os colaboradores avaliem à gerência e seus pares.
Analytics em Recursos Humanos
Dizer que o Big Data é uma das mudanças mais fortes e transformadoras para Recursos Humanos não é um exagero: 90% dos CEO de multinacionais dizem que é importante que as diretorias da área usem Analytics para tomar decisões.
Ter em mãos dados duros sobre as necessidades, expectativas e percepções dos colaboradores nos dá bases bem mais técnicas para determinar onde e como investir recursos e esforços para causar impacto no recrutamento, retenção, índices de satisfação, o investimento em tecnologia, etc.
eLearning
Segundo a Deloitte, o crescimento e desenvolvimento profissional é um dos fatores mais decisivos para a retenção de talento (para os colaboradores menores de 25 anos é o mais importante). No entanto, atualmente nos Estados Unidos 60% dos empregos requerem habilidades que somente 20% dos colaboradores possui.
A área de Recursos Humanos tem um papel fundamental na diminuição desta brecha, e o segredo é o eLearning: soluções online que facilitam a aquisição de novas competências com funcionalidades de auto-serviço, como webinars, video demos, jogos e aprendizagem colaborativa, entre muitas outras.
Mesmo que a coisa não esteja fácil (segundo um estudo da Intercall, três de quatro norte-americanos participaram em um programa de capacitação em 2015 e relataram deficiências que urgem por melhoras), a América Latina não fica atrás: Brasil e Colômbia são os dois únicos países da região que estão entre as 10 nações com maior adoção do elearning. O Brasil está em sétimo lugar com uma taxa de 26%, enquanto a Colômbia está em nona posição, como uma taxa de 20%.
Comunicação & Colaboração
Os colaboradores comprometidos ficam mais tempo na empresa, promovem a mesma entre seus contatos e amigos, e chegam a níveis de produtividade mais altos que os colegas desconectados da organização. De fato, 85% dos executivos entrevistados para o 2016 Global Human Capital Trends da Deloitte respondeu que o Employer Branding é uma das prioridades mais importantes.
Dado que um dos drivers do compromisso é a relação com os nossos colegas e a oportunidade de saber o que está acontecendo na empresa, é crucial que os colaboradores tenham um espaço para conectar entre si e formar relações mais humanas. As plataformas sociais internas são especialmente apropriadas para conectar os colaboradores.
Supõe-se que Recursos Humanos tenha a ver com pessoas e, hoje em dia, as diretorias de Recursos Humanos têm acesso à várias plataformas e aplicativos para criar uma cultura mais focada nos colaboradores, mas também alinhada com os objetivos corporativos.
Se nas áreas de produção, contabilidade, vendas, marketing e operações, as organizações têm se beneficiado graças à incorporação de tecnologias nas últimas décadas, em Recursos Humanos estamos começando a amadurecer a adoção de tecnologias como verdadeiro motor de melhoras estratégicas na gestão do talento.
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