Mitos sobre Redes Sociais Internas: Como Gerenciar as Objeções do CEO

por Daniel Bogomoltz
10 min de leitura.

 

Há alguns dias um diretor de Recursos Humanos me fez um comentário interessante:

Uma porcentagem alta dos nossos colaboradores são millennials e quase todos usam as redes sociais ou aplicativos móveis. Nossas pesquisas internas identificam uma alta demanda por ferramentas mais modernas que melhorem processos e otimizem a carga de trabalho. No entanto, um dos meus principais problemas é convencer o CEO da necessidade de implementar uma rede social corporativa na empresa.

Algumas das objeções que me colocam são: “só servem para perder tempo”, “são perigosas para os dados confidenciais” e “se abrem para comentários contra a empresa”. Em Recursos Humanos já estamos convencidos do valor desta ferramenta, mas não conseguimos o apoio da diretoria. Você tem algum insight sobre o que faz com que as pessoas resistam a implementar novas tecnologias em Recursos Humanos?”  

É uma excelente pergunta e acredito que fala sobre a origem de muitos dos nossos problemas com a tecnologia.

Por um lado, há a sensação de sair da nossa zona de conforto assumindo o risco de perder controle, poder, prestígio. Isto é o que os psicólogos chamam de “percepção tendenciosa do statu quo”: a tendência de evitar a mudança e manter as coisas como estão, por medo do desconhecido. É uma tendência inerente à natureza humana e acontece em áreas como a economia, política e também nos negócios. Sua influência sobre a tomada de decisões das empresas é poderosa.

A pergunta também indica porque é tão difícil para Recursos Humanos, em ocasiões, conseguir o apoio executivo para a implementação de novas tecnologias. Como eu disse no meu post anterior propondo que possamos ver além do ROI para medir o valor de uma rede social interna, os VPs de Recursos Humanos estiman que o apoio executivo é a principal consideração para implementar com sucesso uma solução tecnológica para a área.

Derrubando os Mitos sobre as Redes Sociais Internas

Acredito que existe outro elemento da pergunta que acho absolutamente necessário abordar aqui e agora: as objeções com que a diretoria fundamenta sua negativa em inovar.

E como em qualquer negociação, o gerenciamento das objeções é um fator crítico de sucesso. Aproveito esta oportunidade para derrubar um por um destes mitos e alguns outros que vi nestes anos na GOintegro, a plataforma social para RH, líder da América Latina.

Mito 1: A rede social interna abre espaço para comentários negativos - FALSO

O uso da plataforma se auto regula quando os colaboradores sabem o que é apropriado na rede e quando se comunica que todas as interações, comentários e atividades na plataforma ficam registradas. Basta redigir um conjunto de normas claro e comunicá-lo a todos os colaboradores.

Todos podemos sair sem roupa na rua, mas sabemos que não é apropriado e portanto não fazemos isso. E se alguém fizer algum comentário que seja entendido como inadequado o administrador pode moderar facilmente, coisa que não é possível com um email incendiário enviado para toda a empresa.

Mito 2: A rede social interna é uma perda de tempo - FALSO

Isto se relaciona com o ponto anterior. Quando o comportamento e o uso da rede social interna se auto regula, os colaboradores passam a utilizá-la como uma ferramenta de trabalho.

Por um lado, os colaboradores sabem que seu superior (e o superior do seu superior) podem ver seus posts. Portanto, sua atividade naturalmente se orientará a assuntos relacionados com trabalho. Por outro, a rede social interna não é somente uma plataforma de comunicação e colaboração. É também um meio para centralizar processos de gestão. Migrando para ela funções como a coordenação de reuniões ou acesso à documentação, por exemplo, o uso se orienta por si só para o lado corporativo. Quanto mais funções sejam realizadas na rede social interna, maior será seu impacto positivo no trabalho dos usuários.

Mito 3: A rede social interna põe em risco a segurança de dados - FALSO

Apesar de se tratar de uma preocupação válida, todas as ferramentas digitais atualmente em uso nas empresas apresentam este risco, em maior ou menor grau. Qualquer um pode vazar dados sensíveis em um email ou pendrive. Apesar de que em algumas empresas os computadores não contam com USB (conheço bancos que têm esta política), mesmo assim alguém ainda pode tirar foto de sua tela com um smartphone ou, simplesmente, imprimir um arquivo.

BÔNUS 1 - Mito: A rede social interna é cara - FALSO

Dado que este tipo de plataforma funciona na Nuvem, a empresa não assume nenhum custo de desenvolvimento, infraestrutura ou atualizações. Somente paga um valor mensal determinado com base na quantidade de colaboradores. Isto significa uma economia importante para a organização. Um estudo da Adaptive Planning destaca que uma solução na Nuvem pode ser até 77% mais barata que o software On-Premise.

BÔNUS 2 - Mito: A rede social interna é como o Facebook para a empresa - FALSO

São duas coisas completamente diferentes. Apesar da interface ser parecida e compartilharem algumas funcionalidades sociais como curtir, comentar e compartilhar, o que facilita sua adoção, isso não quer dizer que os colaboradores usem a rede social interna para os mesmos fins que sua conta de Facebook (ver contra argumento para o mito 2).

As redes sociais internas são a nova fase da evolução das comunicações e colaboração nas empresas. A chave do sucesso está em como se alinham com a estratégia do negócio e os problemas que tenta resolver.

Voltando à pergunta feita pelo diretor de Recursos Humanos que mencionei no início do post, para  ser agentes de mudança introduzindo tecnologias sociais na organização, os diretores de Recursos Humanos devem ter uma estratégia para gerenciar as objeções do CEO que, como vimos, muitas vezes racionalizan com idéias ou crenças de ampla adesão, mas que não são reais. Ou seja, mitos.

Acredito que, para comunicar adequadamente o valor destas novas ferramentas, Recursos Humanos deve refutar a visão tendenciosa do status quo com argumentos que mostrem o risco de não inovar e freiar a adoção na empresa: a perda de competitividade em um mundo móvel, instantâneo e interconectado.

 

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Daniel Bogomoltz
Escrito por Daniel Bogomoltz

Country Manager, GOintegro Brasil

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